Hoje foi muito legal! E com muita teoria!!!

Diafragma

O diafragma controla a abertura que temos na objetiva (lente). Mas, essa abertura é dada em uma medida chamada f/stop, que é obtida dividindo-se a distância focal da lente pelo seu diâmetro (ou, no caso, do diâmetro do diafragma). Essa relação existe para que possamos regular a abertura do diafragma independentemente da distância focal da lente. Assim uma lente de distância focal de 100mm e diâmetro 25mm deixará passar a mesma quantidade de luz que uma lente de distância focal 135mm e diâmetro 33,8mm.

\frac{100}{25} = \frac{135}{33,8} = 4

Mas, trabalhamos com a medidas de EV (Exposure Value), cuja escala é sempre em dobros ou metades de quantidade de luz. E, para dobrar a quantidade de luz em termos de abertura de diafragma, devemos dobrar a área dessa abertura. Se não me falha a memória, a área de um círculo é dada pela fórmula S = \pi \cdot r^2. Assim, se temos uma abertura de área S_1 com raio r_1 e queremos uma nova abertura S_2 com o dobro de área, precisamos multiplicar o diâmetro por \sqrt{2}. Vejamos:

S_1 = \pi \cdot {r_1}^2 (a área atual)
S_2 = \pi \cdot {r_2}^2 (a área que queremos…)
S_2 = 2 \cdot S_1 (… que é o dobro da atual)
\pi \cdot {r_2}^2 = 2 \cdot \pi \cdot {r_1}^2 (substituindo)
{r_2}^2 = 2 \cdot {r_1}^2 (cortando o \pi)
\sqrt{{r_2}^2} = \sqrt{2 \cdot {r_1}^2} (“tira” a raiz dos dois lados)
{r_2} = \sqrt{2} \cdot r_1

Está aí o porquê da \sqrt{2}. 🙂

Dessa forma, a escala das aberturas, dada em f/stop fica assim: f/1, f/1.4, f/2, f/2.8, f/4, f/5.6, f/8, f/11, f/16, f/22, f/32, f/45, f/64.

Regra prática: começa com o f/1 e f/1.4 e dobra de dois em dois!

Profundidade de Campo

A Profundidade de Campo ou Depth of Field (DOF) é a região em torno do ponto de foco que nós percebemos como nítida. Quanto maior for essa região, mais coisas parecem estar em foco. Quando menor, mais desfocada fica a imagem que fica fora dessa região. É ela quem permite aquelas imagens com fundo desfocados, deixando apenas o assunto principal em foco (o foco demonstra interesse, onde está o assunto principal). Observação interessante: o plano do foco é paralelo ao plano do sensor (algumas lentes permitem alterar isso).

Os fatores que influenciam na profundidade de campo são:

Fator ↓Menor ↑Maior
Abertura do Diafragma ↑Maior a DOF ↓Menor a DOF
Distância Focal ↑Maior a DOF ↓Menor a DOF
Distância do Objeto ↓Menor a DOF ↑Maior a DOF

Distância Focal

As objetivas (lentes) têm uma característica chamada distância focal, que é a distância entre a lente e o ponto onde fica o seu foco. Quanto menor essa distância, maior o seu ângulo de “visão” fazendo com que a cena sendo fotografada possa ser mais ampla. Ao contrário, se a distância for grande, o ângulo de “visão” fica menor, fazendo com que apenas uma pequena parte da imagem seja vista, dando o efeito de zoom.

Assim, podemos classificar as lentes em:

Tipo Exemplo de Distância Focal Exemplo de Campo de Visão
Grande Angular 28mm 75°
Normal 50mm 46°
Tele 135mm 16°
Super-Tele 300mm

As lentes 50mm são chamadas normais porque, quando usadas em câmeras com sensores de tamanho equivalente ao do filme (36mm x 24mm), geram imagens onde a distribuição de planos e perspectivas são mais parecidas com a que enxergamos. Essa relação muda para outros tamanhos de sensores.

Sensibilidade

A sensibilidade é o quão rápido um filme consegue “perceber” a luz. No caso das câmeras digitais, esse controle é feito pelo seu sensor.

Da mesma maneira que o obturador e o diafragma, a sensibilidade controla a quantidade de luz para a exposição sendo feita e, por isso, também é medida em dobros e metades numa escala que chamamos de ISO: 100, 200, 400, 800, 1600, 3200, 6400, 12800.

Um filme de maior sensibilidade possui grande granularidade, gerando imagens cujos pontos são maiores. No caso das máquinas digitais, o efeito se dá por meio de “ruído” na imagem, que não é tão bem aceito esteticamente, exceto em imagens em preto-e-branco.

No site Lomography, podemos ver exemplos de fotos com alta granularidade.

Equivalência de Exposição

Tendo em mente que podemos controlar sensibilidade, abertura e velocidade, chega-se à conclusão que, se temos uma cena cuja exposição correta se dá pela configuração ISO 100, abertura f/11 e velocidade 1/125, é possível chegar à mesma exposição com outra configuração como: ISO 100, abertura f/4 e velocidade 1/1000. De onde eu tirei isso? Ora, se eu abri o diafragma em três pontos (f/11 – f/8 – f/5.6 – f/4), eu compenso esse ganho de luz fazendo o obturador ficar mais rápido em três pontos também (1/125 – 1/250 – 1/500 – 1/1000).

Apesar da exposição ser a mesma, o que muda são os efeitos que cada um desses controles tem sobre a imagem. Exemplos: velocidades baixas irão borrar a imagem; aberturas maiores fará com que a profundidade de campo seja menor; e sensibilidades maiores irão gerar ruído na imagem. Cabe ao fotógrafo decidir o que ele quer fazer…

Fotometria

Mas, o que é uma exposição correta? É uma exposição onde a média dos tons da imagem é um cinza médio! Para calcular isso, dentro da câmera existe um aparelho chamado fotômetro. É ele quem mede, conforme mostra o esquema abaixo, essa média de tons e nos diz o quão perto ou longe estamos do cinza médio.

Fotometria

Uma forma de comprovar isso é pegar uma imagem “normal” feita pelo modo automático da câmera, transformar em preto-e-branco e desfocar tudo; o resultado deve ser esse cinza médio:

Imagem:
Imagem Original

Transformando em P&B:
Imagem em P&B

Desfocando (Gaussian 5000):
Imagem Desfocada

O que acontece é que, às vezes, o fotômetro se confunde. Exemplo: se estamos fotografando uma cena com muitos tons claros, o fotômetro, querendo ajudar, “puxa” a exposição para baixo. Nesses casos, cabe ao fotógrafo compensar a exposição para mais (a cena é clara mesmo) por meio dos controles que ele dispõe: sensibilidade, abertura e/ou velocidade. Em cenas escuras (uma silhueta em contra-luz, por exemplo), faz-se o inverso.

Abaixo, coloquei uma sequência de fotos de uma parede branca. A primeira foto foi a exposição recomendada pelo fotômetro. Pode-se perceber que ela está cinza. As outras fotos foram tiradas compensando a exposição para mais, um ponto por vez.

Processo de Fotografar

Visto tudo isso, vamos aprimorar os passos para fotografarmos:

  1. Enquadramento.
  2. Exposição:
    • Ajustar o ISO; regra prática: sol – 100 ou 200, nublado – 400, interiores – 800, noturnas 1600 ou mais.
    • Decidir o que priorizar: velocidade ou abertura.
    • Ajustar a outra variável.
  3. Foco.
  4. Foto!

Quanta coisa, não? Quem disse que é fácil fotografar? rsrs

Semana que vem tem aula prática! E mais outro post! Até lá!


Em tempo, segue três vídeos que explicam alguns conceitos dessa aula:

Diafragma

Profundidade de Campo

Sensibilidade